ATA DA TRIGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 29.10.1996.

 

Aos vinte e nove dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às dezessete horas e quarenta minutos, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão destinada a homenagear o Dia do Funcionário Público Municipal e entregar Diplomas e Medalhas aos Servidores por tempo de serviço, nos termos do Requerimento nº 169/96 (Processo nº 2589/96) de autoria do Vereador Isaac Ainhorn. Compuseram a MESA: a Senhora Alceste Menezes, Diretora Legislativa desta Casa, o Senhor Victor Rosário, Diretor Geral desta Casa e o Senhor Luiz Afonso, o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul e a Senhora Marina Durganti, Presidente do Sindicato dos Funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre. Em continuidade, o Senhor Presidente registrou as presenças dos Vereadores Airto Ferronato, Artur Zanella, Fernando Záchia, Giovani Gregol e Pedro Américo Leal. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Raul Carrion, pela Bancada do PCdoB, teceu considerações sobre a dedicação e esforço dos funcionários desta Casa, saudando esta importante data. O Vereador Airto Ferronato, em nome da Bancada do PMDB, discorreu a respeito do momento delicado em que vive o servidor público. O Vereador Giovani Gregol, pela Bancada do PT, referiu-se à situação por que passa o serviço público em nosso País dentro da atual conjuntura política, econômica e social. o Vereador João Dib, pelas Bancadas do PDT, PTB, PPS e PSDB, congratulou os Servidores desta Casa, convidando a todos para o coquetel a ser realizado após a presente homenagem. Em continuidade, o Senhor Presidente procedeu à entrega de Diplomas e Medalhas aos Servidores que completaram quinze e vinte e cinco anos de trabalho nesta Casa. Logo após, o Senhor Presidente concedeu a palavra à Senhora Marina Durganti, Presidente do SINDICÂMARA, que agradeceu aos Vereadores que acompanharam e apoiaram as lutas deste Sindicato. Às dezesseis horas e vinte e cinco minutos, nada mais havendo a tratar, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador João Dib e secretariados pelo Vereador Airto Ferronato, como secretário “ad hoc”. Do que eu, Airto Ferronato, secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário

 

 

 

O SR. PRESIDENTE (João Dib): Vamos dar início a esta Sessão diferente, que homenageia o Funcionário Público Municipal, aquele que trabalha  e faz

 

com que esta Cidade cresça.

Convido, para compor a Mesa, a nossa Diretora Legislativa, Srª Alceste Menezes; o nosso Diretor Geral, Victor Rosário, e o Sr. Luiz Afonso.

Com a palavra o Ver. Raul Carrion pela Bancada do PC do B.

 

O SR. RAUL CARRION: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.)

Trazemos a nossa homenagem aos funcionários, mas mais do que isso, creio que os servidores federais, estaduais e municipais estão precisando é da nossa solidariedade, pela situação crítica em que vivem.

Trago essa saudação com muita tranqüilidade, como filho que sou de um funcionário público. Durante mais de 40 anos o meu pai trabalhou, só se aposentando aos 70 anos, compulsoriamente; deu uma demonstração de que esse estigma que se lança sobre o funcionalismo, de que não trabalham, de que são os vilões deste País não tem fundamento. Tenho três irmãos que são funcionários públicos, concursados na Universidade, e também uma irmã concursada do BANRISUL - penso que também é uma funcionária pública. Então a minha família realmente conhece a realidade, a situação e a vida do funcionário público.

Neste dia de homenagem a vocês, especialmente aos municipários, devemos dizer que mais do que alegria, do que grandes festas, os funcionários públicos, em todos os níveis, vivem uma situação de verdadeira calamidade. O nosso Governo Federal, que é entreguista, antipovo, transforma o funcionário público no vilão da história, no verdadeiro “bode expiatório” da difícil situação em que vive o País e a Nação. Há vinte e dois meses os funcionários públicos federais não recebem reajuste salarial. Agora lançam um PDV, copiando o PDV estadual de triste memória, prevendo trinta e cinco mil demissões... Para isso irão gastar novecentos milhões de reais, dinheiro que deveria estar sendo aplicado para produzir novos empregos, para alavancar o desenvolvimento do País. É o dinheiro do povo que é gasto para aumentar o desemprego! A estabilidade dos funcionários públicos está sendo liquidada no Congresso Nacional por iniciativa do Governo Federal. Vamos voltar aos tempos do fisiologismo, em que cada governante de turno irá levar os seus apadrinhados, os seus afilhados. A estabilidade, que foi uma conquista da cidadania, no sentido de impedir esse fisiologismo, é apresentada como um privilégio da população para que ela tenha funcionários e servidores que não sejam, a cada momento, trocados pelos governantes de turno. Quanto à isonomia, é negada nessa mesma Reforma Administrativa. Ameaçam-se os servidores com a remoção, com a transferência, com a redistribuição. Imaginemos um funcionário que não deseja o PDV, mora em Porto Alegre, a esposa trabalha em Porto Alegre e o governo determina: o senhor, ou a senhora, será transferido para o Acre. Então, “espontaneamente”, o servidor terá que abrir mão da sua estabilidade, do seu direito... Pois a estabilidade do funcionário, do servidor, sem o mínimo de estabilidade no local onde trabalha, não existe. Todas as suas vantagens estão ameaçadas, as suas lideranças estão sendo perseguidas - inclusive fizemos uma moção nesta Casa de repúdio - por lutarem pelo direito de reajuste dos seus salários.

Mas, quem sabe, aqui no Estado a situação é melhor... Ao contrário, a situação é tão grave quanto a nível federal. O Governo Britto sequer cumpre a Legislação que ele mesmo apresentou e aprovou. O gatilho de 10% em janeiro não foi aplicado; o gatilho de 4,64% de abril não foi aplicado; o gatilho de 10% em julho não foi aplicado... Foram demitidos cerca de quinze mil funcionários através do PDV; cento e cinqüenta milhões de reais, dinheiro do povo, da Caixa Econômica Federal, aplicados para aumentar o desemprego! Cento e cinqüenta milhões da Banca Internacional, para causar o desemprego. As vantagens do funcionalismo estadual também estão sendo varridas.

Enquanto isso, seja a nível federal, seja a nível estadual, os verdadeiros causadores e responsáveis pelo déficit público e pelo descalabro das finanças - que são os banqueiros - continuam recebendo em dia os seus juros e amortizações! Eu não tenho notícia, seja a nível federal, seja a nível estadual, de que os banqueiros deixaram de acumular juros sobre juros. E vejam bem, a dívida externa - e vou repetir isso até a exaustão, como nesta Casa, em muitos momentos, já o disse - atinge cento e cinqüenta bilhões de dólares. E a dívida interna já ultrapassou a dívida externa: hoje a dívida interna pública atinge a duzentos e cinqüenta bilhões de dólares! Ou seja, os banqueiros nacionais e internacionais têm em suas mãos uma dívida de quatrocentos bilhões de dólares. Imaginemos 2& ao mês de juros, e nós teremos oito bilhões pagos mensalmente, religiosamente, aos banqueiros usurários. Por isso não há dinheiro para o funcionário público: por isso não há dinheiro para investimentos; por isso não há dinheiro para educação; por isso não há dinheiro para saúde. Os hospitais estão sendo vendidos, estão sendo entregues; a CRT está sendo doada. A Petrobrás pretendem, nos próximos meses, vender 31% das suas ações. A Vale do Rio Doce que no ano passado encontrou uma mina de outro - calcula-se que com 150 toneladas - e há poucos meses achou uma nova mina de ouro, da qual o povo brasileiro não foi informado - com 300 toneladas de ouro - vai ser entregue ao capital internacional. A CRT também será entregue às empresas internacionais... Mas quanto mais vende as suas riquezas, mais o País deve, mais o povo empobrece. É uma lógica que os neoliberais precisariam explicar...

A nível municipal, ainda que em alguns aspectos a situação possa não ser tão terrível, nós passamos há poucos meses pela tentativa de negociação do dissídio, seja através do SINDICÂMARA, seja através do SIMPA. E o que vimos é que, simplesmente, a Prefeitura desconsiderou as entidades dos servidores municipais. Ignorando um princípio democrático básico, que é o respeito às entidades sindicais! Aliás, uma Administração Municipal que tem origem no movimento sindical, mas desconsiderou as entidades representativas do funcionalismo. Não houve nenhum aumento a título de produtividade, não houve nenhum aumento real de salário que, como sabemos, os municipários merecem.

Por isso, nós que conhecemos a dedicação dos funcionários desta Casa, que conhecemos a dedicação dos municipários desta Cidade, que conhecemos o esforço do funcionalismo em geral, queremos concluir, saudando mais uma vez esta data, saudando a luta de vocês, dizendo que a nossa voa, pequena, débil, nesta tribuna ou nas ruas, estará sempre ao lado da luta do conjunto dos trabalhadores! E, neste momento, especialmente, ao lado do funcionalismo, que tem sido, talvez, o alvo principal dos neoliberais! Exatamente porque essa visão neoliberal que hoje predomina no País é uma visão voltada a destruir o Estado Nacional, a destruir o serviço público, a tudo privatizar e entregar àqueles que buscam somente o lucro, tudo o que porventura seja do seu interesse...

Eu me desculpo por ter que sair neste momento pois estou viajando dentro de poucos minutos para Brasília, representando esta Casa, tratar da aflitiva situação dos moradores do Parque dos Maias, que se encontram sob a ameaça iminente de despejo, devido ao pedido de Reintegração de Posse da Guerino, e devido a uma Justiça insensível, que vem dando todo apoio a esse pedido de reintegração.

Fica a minha saudação. Não ficarei para a entrega das medalhas, mas estarei presente em espírito. Muito obrigado. Minha homenagem a vocês.

 

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido o Cel. Irani Siqueira, que representa o Comando Militar do Sul, a fazer parte da Mesa, e também a Dra. Marina Durganti, Presidente do Sindicâmara. Registro as presenças dos Vereadores Giovani Gregol, Pedro Américo Leal e Airto Ferronato, a quem passo a palavra neste momento.

 

O SR. AIRTO FERRONATO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Eu gostaria de dizer que esta Sessão já começa importante porque tem o Ver. João Dib presidindo, funcionário público do Município de Porto Alegre; começa com os diretores presentes; a Marina, Presidente do Sindicato e vocês que aqui estão. Confesso que nesta semana pensava se viria falar ou não, até porque estamos nos despedindo deste mandato de Vereador, mas resolvi falar porque como servidor público tivemos a oportunidade de travar debates importantes na Câmara, especialmente no ano passado. Todos nós conhecemos as dificuldades ocorridas. Sempre falei sobre o ponto positivo da luta constante, conseqüente e responsável dos servidores. Sou funcionário há mais de 20 anos. Sei de lutas de 20 anos atrás, 18, 15. Umas já estão amadurecidas, outras conquistadas, outras não. As coisas vão-se conquistando aos poucos, e em momentos difíceis. Concordo praticamente com tudo o que disse o Ver. Raul Carrion.

O momento atual dos servidores públicos não é dos mais favoráveis. Se analisarmos a visão média do conjunto da sociedade, é uma atuação que deve causar reflexões importantes em razão de uma série de coisas vendidas à opinião pública, como chegou à opinião pública e o que a opinião pública pensa de nós, servidores.

Sem modéstia, sou dos porto-alegrenses, das pessoas que têm profundo conhecimento do serviço público, até porque, muito antes de ser Vereador - e nunca pensando em sê-lo - atuei no serviço público estadual e federal, e interferi no serviço municipal dando aulas, sendo coordenador de treinamento. Como funcionário do Estado, da União, como treinador, como político, hoje, tenho plena consciência de como se trabalha no setor público. Vão mostrar o contracheque na rua e dizer quanto ganham para ver o que dizem. E a cadeira e o boné, e o chapéu, o casaco? Isso ouvimos permanentemente. E mais: funcionário público e político, ao mesmo tempo, isso complica ainda mais. A população não acredita, porque a levaram a não acreditar, como se trabalha no setor público, o que se faz em benefício da população, em razão da nossa atividade. A esmagadora maioria dos servidores da Câmara é extremamente dedicada; briga, sim, mas é dedicadíssima às causas do serviço público.

No ano passado, aqueles movimentos complicadíssimos que todos nós sabemos, quando era preciso ficar até às três horas da madrugada, tinha servidores que resmungavam, mas me tratavam muito bem, como respeito e ficavam aqui, apesar de todas aquelas dificuldades.

Então, na verdade, o servidor público é um servidor que trabalha muito pela nossa comunidade. E nós temos, não sei como, que levar à opinião pública esta realidade. Aqui nós convivemos com esta realidade. E vocês acompanharam o meu trabalho aqui na Câmara e os muitos equívocos que eu cometi.

Lá nas minhas bases de servidor público as pessoas cobram: “Ferronato, tu tens que botar na imprensa essa nossa realidade”. Na verdade o nosso servidor desconhece as dificuldades que temos para divulgar o que ele faz em benefício da população. É muito difícil, por isso nós temos que pensar mecanismos que levem à opinião pública essa nossa realidade.      

O meu Partido perdeu a eleição, com as dificuldades enormes que encontramos e seria muito difícil uma vitória, talvez quase impossível, eu também, sei disso. Mas a pouca votação que fez foi em razão, também, e principalmente, do governo do Estado. Eu não vou fazer registros, agora, sobre isto, até porque levaria muito tempo para ser compreendido. Na verdade, também o poder do Estado desgastou extraordinariamente o servidor público. E dificuldades no setor público nós temos em nível federal - conheço muita gente com enormes dificuldades -, civil, militar e assim por diante. Existe dificuldade no serviço público estadual e também no serviço público municipal. Nós sabemos disso. Na verdade, apesar das nossas dificuldades estou, talvez, nos últimos momentos de Vereador, registrando o abraço a todos vocês. Estava lendo, alguém disse: ‘Briguei um bom combate, combati um bom combate’. Estive num combate, fiz o que foi possível, se não fiz mais foi porque a situação me levou a isso. Tenho certeza de que vocês fazem o que é possível, bem feito, com responsabilidade. Em todos os setores da sociedade encontramos dificuldades, assim como no setor público e privado. Temos certeza de que fizemos a nossa parte. Estou aqui para registras o meu abraço a vocês, cumprimentando por esta data, que é a nossa data de servidor público e dizer que, enquanto Câmara Municipal, Município de Porto Alegre, temos a consciência de que há uma necessidade de uma constante luta para alcançar aquilo que almejamos. Nós servidores públicos estamos vivendo um momento delicado - onde a sociedade não compreende a grandeza de nossas atividades - que não é de agora. O Ver. Raul Carrion disse que era governo desse, governo daquele... Eu acompanho isso há vinte e cinco anos. Passou governo, entrou governo e essa história de dizer que isso não dá, que tem que mudar, porque não se trabalha, porque a cadeira, porque o paletó, isso é uma coisa que vem há muito tempo sendo repetida e nós temos que mostrar o nosso trabalho. Parabéns a vocês. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Registramos a presença do Ver. Artur Zanella. O Ver. Giovani Gregol está com a palavra.

 

O SR. GIOVANI GREGOL: (Saúda os componentes da Mesa e demais presentes.) Todos eles convivendo conosco; a Alceste Menezes; o responsável, em exercício, pela Diretoria Administrativa, Luiz Afonso de Mello. Por fim, mas não por último, Coronel Irani Siqueira, representando o Comando Militar do Sul, a quem consideramos nosso amigo; temos em comum, além da paixão pela Pátria, o amor pela ecologia, que nos aproxima. Aos demais Vereadores - cito o Ver. Henrique Fontana, meu companheiro e Líder da Bancada do Partido dos Trabalhadores da Casa; os funcionários aqui presentes; os amigos. Em primeiro lugar, quero pedir desculpa, porque não estou adequadamente trajado. Explico-me: eu não sabia que iria ter a grata surpresa de falar pela minha Bancada; porque estava previsto que a Vera. Maria do Rosário falaria. A Vereadora está, hoje, assumindo, interinamente a presidência da Comissão dos Direitos do Consumidor e Direitos Humanos; por isso, não pode estar aqui e pede desculpas a vocês.

Mas é uma satisfação para nós estar aqui, hoje. O que os nossos antecessores disseram antes é, em grande parte, já sabido e ressabido, mas temos que meditar sobre essas coisas e sobre a situação por que passa, hoje, o servidor público, a situação por que passa o servidor público em geral no nosso País dentro da atual conjuntura político, partidária, econômica, social, o que, por outro lado, não é uma ilha no planeta. Cada vez mais, o planeta é uma aldeia global, que, por outro lado, está inserida numa conjuntura mundial, internacional que se chama - para cientificar, usamos os rótulos - de crescimento de domínio, se não total, mas a hegemonia do chamado liberalismo, agora com a nova maquiagem: o neoliberalismo. Esse liberalismo que se diz neo, mas que, na realidade, tem componentes muito antigos, negativamente antigos, tem uma doutrina; diz que tem entre seus princípio, quando na realidade parece que uma das suas características é carecer de princípios humanos, éticos, morais, que ele diz ter, mas que na realidade não pratica. Uma das sua propugnas máximas é essa: “fim ao Estado, tudo que é público é ruim, tudo que é privado ou particular é bom”. Seja já o que for. E eles aplicam essa regra, como nenhuma pessoa inteligente faz. Todos nós que somos inteligentes sabemos que toda a regra tem uma exceção. Mas, entre os neoliberais, não tem exceção. Tudo que é público é porcaria, ruim, atrasado, não é moderno, está contra a modernidade, está contra o povo; tudo que é privado é competente, eficiente, moderno, tecnológico, maravilhoso, bonito.

E quanta gente ouvimos no nosso dia-a-dia, grandes empresários ouvimos, de manhã, nas rádios e jornais fazendo loas ao neoliberalismo, e à tarde pedindo, por exemplo, que o Governo não permita que os carros importados entrem no País. Um discurso totalmente, absolutamente incoerente e contraditório. Mas eles não se dão conta, ou acham que nós não nos damos conta desta contradição.

E nós do Partido dos Trabalhadores temos uma história de quase vinte anos, pelo menos 19 anos como Partido dos Trabalhadores e lideranças componentes de várias décadas de respeito ao servidor público, que quer dizer, em primeiro lugar, de respeito às pessoas que fazem o serviço público, o servidor público. E mais do que discurso de respeito, mas de ação concreta em defesa dos interesses dos trabalhadores do Brasil, incluindo os servidores públicos.

   Sabemos que hoje se faz uma grande campanha, uma nauseabunda campanha no Brasil e também em outros países. Já dizia o Millôr Fernandes, que quando uma ideologia fica bem velhinha vem morar no Brasil. O neoliberalismo foi moda na Europa, na Inglaterra, há 20 anos, com Margareth Tatcher. Já revisaram. Não deu certo, como não deu certo em vários outros lugares do mundo. Nós sabemos que as grandes potências mundiais, como o Japão, pregam o neoliberalismo para os outros, mas elas não praticam o neoliberalismo. O sistema de telefonia, por exemplo, no Japão é todo estatizado, por quê? Porque é segurança nacional, mas o nosso vai ser vendido, querem vender por moeda podre. Os funcionários públicos foram transformados nos bodes expiatórios dos problemas da nossa Nação, que são gerados por quem? Pelos servidores? Não. Quase sempre pelos nossos governantes, incompetentes, e pelo nosso próprio sistema político, ainda aristocrático, pouco democrático, pouco popular e assim por diante. Nós não queremos que isso continue, nós não propugnamos por isso e não admitimos essa situação. nós, do Partido dos Trabalhadores, estaremos sempre com vocês, e não somente hoje, nesta homenagem, nas greves, nos movimentos, contra esse tipo de coisas.

Agora, nós temos que ter claro que o País todo tem que lutar contra isso. isso é uma onde que nós podemos enfrentar e derrotar. Temos que lutar juntos com os outros trabalhadores, com o povo brasileiro, as forças progressistas, inclusive com os Partidos para detê-la e, depois, por que não, revertê-la. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Eu deveria falar pelas Bancadas do meu Partido, PDT, PTB, PPS, PSDB. Portanto, todas as Bancadas se congratulam com os servidores da Câmara Municipal. Mas eu acho que chega de discurso, a não ser que fosse para dar uma grande notícia, e isso me parece que não está acontecendo. Eu apenas queria dizer uma coisa. Eu sempre digo que sou servidor público municipal, eu já dirigi diversas Secretarias do Município e o próprio Município, encontrei equipes extraordinárias, como lá no DEMHAB, na SMT, que me orgulho de citar. Posso dizer, com toda a tranqüilidade, que a equipe que trabalha na Câmara Municipal merece todos os elogios por sua capacidade de trabalho, por sua atuação. Isso nós pudemos presenciar, quando fizemos a Lei Orgânica, e os funcionários não discutiram o horário e não receberam nada a mais pelo trabalho extra que fizeram. Essa sempre foi a disposição dos trabalhadores municipais.

Não vou fazer nenhuma pregação política, pois o momento é de homenagear aqueles que completaram 15, 20 e 25 anos de trabalho de Câmara. Depois vamos todos juntos tomar uma taça de vinho para fazermos um brinde, acreditando no dia de amanhã, que há de ser melhor do que o dia de hoje. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

Registro a presença do Ver. Fernando Záchia.

Em homenagem ao Dia do Funcionário Público faremos a entrega de diplomas e medalhas aos servidores por tempo de serviço.

(Procede-se à entrega das medalhas.)

É importante que os servidores da Câmara Municipal falem, e a melhor pessoa para fazer isso é a Presidente do SINDICÂMARA.

Com a palavra a Srª Marina Durganti.

 

A SRA. MARINA DURGANTI: Neste momento, falo de improviso, mas de coração, como sempre. Todos nós, aqui da Casa, fazemos tudo, desde a varrição, coleta do lixo, oficiais de transportes, os assessores dos Vereadores, todos fazem o seu serviço com o coração. Saúdo a todos os meus colegas. Os velhos, como o Jair, o Gilberto, a Dona Gessi, os companheiros antigos. Temos mais valor por trabalhar com eles. Saúdo os novos que aqui não estão presentes, como os assistentes e ajudantes, trabalhando e dando força.

Agradeço àqueles Vereadores que nos acompanharam e apoiaram a nossa causa, durante todo esse último mandato, porque não foi fácil, são só para os Vereadores como para os servidores desta Casa, e dizer àqueles que não vão retornar que vão continuar nos nossos corações. Nós somos responsáveis por aquilo que cativamos. Isso é muito importante, Ver. Airto Ferronato, Ver. Giovani Gregol, Ver. Edi Morelli, que não está presente, mas que fez parte da Mesa, e tantos outros que vou deixar de citar. Saúdo aqueles que também se reelegeram e que vão continuar conosco na luta.

Quero registrar, em especial, ao Presidente dos trabalhos, Ver. João Dib, que, na verdade, ele é um dos funcionários mais antigos deste Município e tem muita moral para fazer qualquer discurso, reivindicar para nós e nos representar. Isso V. Exa. fez em todos os mandatos em que tem nos acompanhado. Nesse meu último mandato, o qual iniciei em 1995, eu só tenho a agradecer a V. Exa. e aos seus Pares que nos acompanharam na Comissão do Dissídio. Essa Comissão, desde maio, após um relatório aprovado, não recebeu resposta nenhuma do nosso ilustre Prefeito Dr. Tarso Genro. Eu acho que nesta data nós não podemos deixar de registrar o nosso desânimo para com a Administração Popular que se encerra em 31 de dezembro.

Mas queremos reafirmar que temos confiança, que o novo administrador e o novo grupo que vai administrar a Cidade, com a nossa nova Câmara, talvez possamos ter um diálogo maior, mais democrático. Pois nós, funcionários, nós, entidades municipárias, realmente, neste ano de 1996, não tivemos um debate democrático. Nós estivemos presentes na Comissão do Dissídio, juntamente com o Ver. João Dib, com o Ver. Airto Ferronato e tantos outros Vereadores. Agora, é de desanimar.

Hoje, quando o Sindicato lembrou dos colegas e deu uma rosa para cada um de vocês, a nossa mensagem pessoal é de que a luta continua, e que nós não vamos nos apoquentar, baixar as nossas cabeças e ficar preocupados porque não tem reajuste e porque não estão ligando para nós. Nós temos que ter confiança, porque uma nova Câmara vem aí, e é uma nova administração popular e, mesmo que seja do PT, confiamos em que haja realmente um diálogo mais franco e mais aberto com as entidades sindicais, porque acho que este ano não representou o discurso que o Partido dos Trabalhadores prega, que é uma cartilha que foi baseada também nas entidades sindicais, na luta dos trabalhadores, e é muito importante, e é do nosso maior respeito com o Partido que preza e luta, e respeita a luta do trabalhador. Agora, somos trabalhadores e, diante de toda essa guerra que estão fazendo contra o funcionalismo em nível federal e estadual, também não estamos vendo grandes perspectivas em nível municipal, porque os compromissos durante a campanha não foram assumidos com as entidades sindicais. E isso lastimamos muito, Sr. Presidente. Tenho que registrar o nosso desconforto diante desse impasse. Este era um ano eleitoral, um ano de todos os partidos políticos terem, inclusive o vencedor, se comprometido conosco, trabalhadores, porque esta Cidade, colegas - e tem alguns inativos nos ouvindo - só vai ser trialegre, trifeliz porque nós estaremos felizes trabalhando, porque buscamos a nossa qualificação e a nossa valorização. E a valorização do servidor passa por uma discussão ampla do seu reajuste salarial e pela cobrança que fizemos de dialogar com a administração, e que até hoje está silente. Então, gostaria, em nome do Sindicato, de saudar os colegas, agradecer e colocar o Sindicato à disposição daqueles Vereadores que não vão mais estar conosco a partir do dia 1º de janeiro: podem contar sempre conosco. Somos da Casa, estamos trabalhando pela Cidade, e se esta Cidade vencer, estamos vencendo juntos com vocês, velhos Vereadores e novos Vereadores. muito obrigada. (Palmas.)

 

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com o pronunciamento da Presidente do SINDICÂMARA, encerra-se esta Sessão Solene.

 

(Encerra-se a Sessão às 16h25min.)

 

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